"Às vezes a escuridão e seus fantasmas apenas revelam o bem existente por trás de tudo."
Tuomas Holopainen

sexta-feira, 22 de março de 2013

Silêncio


O silêncio sempre foi meu companheiro a maior parte do tempo, sempre me junto a ele automaticamente. Até posso dizer que ele faz parte de mim.
Falar muito é doloroso pra mim, me cansa, então depois de longas conversas eu preciso ficar em silêncio por um bom tempo para recarregar. Eu sempre me culpei por ser assim, pois esse comportamento é visto como inadequado em relacionamentos e as pessoas o confundem com indiferença.
Aprendemos desde pequenos que para mostrar que gostamos de alguém, devemos mostrar isso de forma expansiva, com muita conversa, muitos beijos e abraços. E que não fazer isso significa automaticamente um "eu não gosto de você".
Por isso, a sociedade vê pessoas extrovertidas como amorosas e interessadas enquanto os introvertidos são vistos como pouco amáveis e desinteressados. Além disso, os introvertidos são a minoria da população, o que faz com que sejam vistos como "ETs".
O modelo social é de extroversão, esse modelo cobre tudo e introvertidos são discriminados nesse meio social. Os próprios introvertidos acabam achando que são "defeituosos", quando apenas são diferentes. E eu, como introvertida, sempre me culpei por achar que não me relaciono corretamente.
Como disse antes, falar muito me cansa. Eu prefiro ouvir e observar.
OBS: O ato de falar me cansa, isso mesmo, eu me canso de conversar e não da pessoa em si.
Isso que escrevi aí em cima deve parecer algo muito estranho para muitas pessoas, não é mesmo? Alguns me diriam:
-Mas falar pouco com a pessoa significa que você perdeu o interesse nela, você está ignorando ela, se você gosta de alguém, você dá muita atenção!
E se eu disser que continuo amando as pessoas mesmo sem falar com elas o tempo todo? E que eu posso ficar apenas em silêncio ao lado dessas pessoas apenas observando-as sem que esteja sendo indiferente a elas? Ou que mesmo sem estar em contato frequente com elas, eu penso nelas assim mesmo e as amo? E que elas podem contar comigo?
Muitos diriam:
-Não acredito!
Mas eu digo que é verdade, e digo isso de coração, com toda sinceridade.
Essas pessoas que amo podem me interpretar como indiferente a elas mas eu as amo do meu jeito, meu jeito introvertido. Eu as amo no contato físico e também as amo no silêncio.
Isso me faz lembrar de cães e gatos. Os cães são energéticos e expansivos e são vistos como amorosos com seus donos, enquanto os gatos são calmos e silenciosos e na crença popular são vistos como indiferentes e pouco amáveis com os donos. Para mim tanto cães como gatos amam seus donos, apenas expressam isso de formas diferentes, assim como extrovertidos e introvertidos.
Meus gatos não estão perto de mim o tempo todo, mas, quando olho nos olhos deles em silêncio e eles me olham fixamente também, sinto que estamos compartilhando um amor que mesmo em silêncio, é profundo e verdadeiro.
Amo as pessoas além da fala, amo-as também no meu silêncio. Profundamente, silenciosamente e completamente.