"Às vezes a escuridão e seus fantasmas apenas revelam o bem existente por trás de tudo."
Tuomas Holopainen

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Conservando a criança interior

Ah a minha infância... que saudade! Lembro-me de mim desenhando bonecos em folhas de papel, ansiosa para usá-los no meu mundo mágico que eu construía em cima da minha cama. Eu nem precisava daquelas bonecas e bonecos caros das propagandas, pois os meus bonecos feitos em papel eram tão interessantes que eu nem ligava para a aparente simplicidade deles, pois para mim eles eram incríveis! A minha infância não teve brinquedos luxuosos que o dinheiro compra, mas teve os tesouros que a imaginação pode criar!
Quando nos tornamos adultos, por influência desse ambiente louco em que vivemos, acabamos perdendo esse poder de apreciar as coisas simples.
Eu mesma me lembro de estar esperando em uma fila que levava tempo para se mover e assim como os outros adultos que estavam ali, eu estava entediada com a demora, então foi quando vi uma criança que acompanhava a mãe, e que ao contrário dos adultos ali, tinha aquele brilho no olhar enquanto passava o tempo de espera se divertindo com objetos simples que haviam no local. Logo me veio à mente o que eu costumo dizer: A admiração que tenho pela simplicidade das crianças! Sempre que eu digo isso para as pessoas, elas costumam me responder com algo como:
- Mas elas são assim porque não tem responsabilidades, porque não precisam trabalhar, criar filhos, etc.
Mas eu digo, será que é tão difícil assim manter essa simplicidade das crianças na vida adulta?
Na verdade não é difícil. Os adultos é que estão errados e constroem uma sociedade que complica tudo!
Por que as crianças são mais felizes? Simplesmente porque elas cultuam a simplicidade, enquanto que os adultos se deixam tomar pela ganância e acham que a felicidade está na conquista de bens materiais e que precisam ser admirados e aceitos pelos outros. Tanto que quanto mais a sociedade se moderniza mais as pessoas se sentem solitárias, ansiosas e deprimidas. Os adultos ficam correndo como loucos atrás de dinheiro e se esquecem de que a felicidade está nas coisas simples.
O próprio meio social em que vivemos cultua demais o materialismo e está sempre influenciando as pessoas a pensar que só serão felizes se conseguirem muito dinheiro ou se estiverem encaixadas nos padrões sociais e está sempre nos pressionando a nos comparar com os outros em vez de nos incentivar a olhar para nós mesmos e sermos felizes sendo apenas naturais, sendo apenas nós mesmos.
O mundo será um lugar muito melhor de se viver se os adultos aprenderem a conservar esse lado sábio que todos nós temos quando crianças.




sexta-feira, 22 de março de 2013

Silêncio


O silêncio sempre foi meu companheiro a maior parte do tempo, sempre me junto a ele automaticamente. Até posso dizer que ele faz parte de mim.
Falar muito é doloroso pra mim, me cansa, então depois de longas conversas eu preciso ficar em silêncio por um bom tempo para recarregar. Eu sempre me culpei por ser assim, pois esse comportamento é visto como inadequado em relacionamentos e as pessoas o confundem com indiferença.
Aprendemos desde pequenos que para mostrar que gostamos de alguém, devemos mostrar isso de forma expansiva, com muita conversa, muitos beijos e abraços. E que não fazer isso significa automaticamente um "eu não gosto de você".
Por isso, a sociedade vê pessoas extrovertidas como amorosas e interessadas enquanto os introvertidos são vistos como pouco amáveis e desinteressados. Além disso, os introvertidos são a minoria da população, o que faz com que sejam vistos como "ETs".
O modelo social é de extroversão, esse modelo cobre tudo e introvertidos são discriminados nesse meio social. Os próprios introvertidos acabam achando que são "defeituosos", quando apenas são diferentes. E eu, como introvertida, sempre me culpei por achar que não me relaciono corretamente.
Como disse antes, falar muito me cansa. Eu prefiro ouvir e observar.
OBS: O ato de falar me cansa, isso mesmo, eu me canso de conversar e não da pessoa em si.
Isso que escrevi aí em cima deve parecer algo muito estranho para muitas pessoas, não é mesmo? Alguns me diriam:
-Mas falar pouco com a pessoa significa que você perdeu o interesse nela, você está ignorando ela, se você gosta de alguém, você dá muita atenção!
E se eu disser que continuo amando as pessoas mesmo sem falar com elas o tempo todo? E que eu posso ficar apenas em silêncio ao lado dessas pessoas apenas observando-as sem que esteja sendo indiferente a elas? Ou que mesmo sem estar em contato frequente com elas, eu penso nelas assim mesmo e as amo? E que elas podem contar comigo?
Muitos diriam:
-Não acredito!
Mas eu digo que é verdade, e digo isso de coração, com toda sinceridade.
Essas pessoas que amo podem me interpretar como indiferente a elas mas eu as amo do meu jeito, meu jeito introvertido. Eu as amo no contato físico e também as amo no silêncio.
Isso me faz lembrar de cães e gatos. Os cães são energéticos e expansivos e são vistos como amorosos com seus donos, enquanto os gatos são calmos e silenciosos e na crença popular são vistos como indiferentes e pouco amáveis com os donos. Para mim tanto cães como gatos amam seus donos, apenas expressam isso de formas diferentes, assim como extrovertidos e introvertidos.
Meus gatos não estão perto de mim o tempo todo, mas, quando olho nos olhos deles em silêncio e eles me olham fixamente também, sinto que estamos compartilhando um amor que mesmo em silêncio, é profundo e verdadeiro.
Amo as pessoas além da fala, amo-as também no meu silêncio. Profundamente, silenciosamente e completamente.